domingo, 25 de fevereiro de 2024

CABO DELEGADO

CABO DELEGADO TAMBÉM É MOÇAMBIQUE.


Cabo Delegado, outrora um pedaço vibrante de Moçambique, agora é um eco de desespero e dor. Não mais ressoam os risos de alegria naquele recanto do país, apenas os gritos abafados pelo medo, pelo sofrimento e pela angústia. Sete anos se passaram desde o início desta guerra interminável, e ainda não há fim à vista. Será que aqueles nos confortos dos escritórios com ar-condicionado estão cientes do horror que assola essa região?


É irônico como se fala tanto em paz, mas que tipo de paz é essa que nunca chega? Será que Cabo Delegado já não faz parte de Moçambique? Enquanto discursos são feitos sobre a busca pela estabilidade, homens despreparados são arrastados para o campo de batalha, onde são ceifados como gado no abate.


Oh, minha terra! Parece que todos se esqueceram de Cabo Delegado. Enquanto os olhos dos líderes se fixam obsessivamente no dinheiro, a guerra devora vidas e esperanças sem que ninguém pare para questionar ou agir.


Às vezes me pergunto, esses insurgentes são inimigos do país ou apenas do povo? Será que eles são amigos dos dirigentes, pois estes permanecem em silêncio, observando passivamente enquanto o horror se desenrola.


Excelência, Cabo Delegado também é Moçambique. Cabo Delegado é minha pátria, é meu irmão. Os sonhos são pulverizados, e as crianças são deixadas sem país, vítimas de um inimigo sem rosto que as arrancou cruelmente de suas vidas.


Cabo Delegado também é Moçambique. E é um retrato doloroso da falha de uma nação em proteger e cuidar de seus próprios filhos.


Cabo Delgado, o nome ecoa em versos tristes e desolados, como um lamento que se perde na vastidão do oceano. Se esta tragédia persistir, em breve será Cabo Desligado, desconectado de tudo que um dia representou.


Desligado por balas, mesmo sem ficha elétrica nem criminal, Cabo Delgado definha, suas terras manchadas pelo sangue de seus filhos, suas praias agora sem brisa, suas estrelas ofuscadas pela escuridão da violência.


Moçambique, você vê isso? Os choros, os gritos, os gemidos de dor que ecoam por entre as árvores e pelas ruas das cidades? Seus filhos tombam, uns após os outros, vítimas de uma guerra que parece não ter fim.


O que houve com o patrimônio, com as cidades, com as propriedades? A saudade se instala, pesada como uma âncora que arrasta consigo as memórias de tempos melhores. Mas quem se importa? Enquanto os poderosos se preocupam apenas com seus próprios interesses, o povo sofre.


Moçambique, seus filhos precisam de uma mãe, de uma nação unida em prol de sua proteção e bem-estar. Não os abandone nesta hora sombria. Olhe para o sangue derramado, para as lágrimas vertidas, para o desespero que consome tantos corações.


Moçambique, você vê isso? Porque enquanto alguns viram as costas, outros continuam a lutar, a clamar por justiça e por paz. Não feche os olhos para a tragédia que se desenrola em suas próprias terras. Seus filhos clamam por socorro, por esperança, por um futuro que ainda possa ser resgatado das sombras da guerra.


©Poeta Frustrado

© Marcos Guilima

©Nelta Nhambe




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